quinta-feira, 15 de setembro de 2011

15 Set - Ambulância que matou mulher na calçada em Campo Grande no RIO estava sem vistoria há quatro anos

http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2011/9/ambulancia_que_matou_mulher_estava_sem_vistoria_ha_quatro_anos_192187.html

Rio - A ambulância da empresa Toesa Service que na manhã da última segunda-feira atropelou e matou Maria Bento de Andrade, de 46 anos, na porta do Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, não passava por vistoria desde 2007. A informação é do delegado Reginaldo Félix, que avaliou a documentação encontrada no veículo.
Foto: Agência O Dia
Ambulância imprensou vítima contra o muro do hospital. Marta de Andrade não resistiu aos ferimentos | Foto: Cristiano Lopes / Agência O Dia
“Pedi um ofício ao Detran-RJ com os licenciamentos feitos no veículo. Também aguardo o laudo pericial feito na ambulância para saber tecnicamente as condições do veículo, principalmente como estavam as pastilhas de freio”, adiantou o delegado, que é responsável por investigar o atropelamento. 
A empresa Toesa Service era denunciada pela Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores há seis anos por má prestação de serviços ao município. O Ministério Público também investiga a empresa, que é acusada de fraudar licitação. Há menos de um mês, a Toesa foi, inclusive, proibida de realizar qualquer processo licitatório.
Segundo a Prefeitura do Rio, o contrato será suspenso em duas semanas, o que não ocorreu antes porque o processo de cancelamento ainda não havia sido concluído. Mas as autoridades ressaltaram que a Toesa vem recebendo multas progressivas desde o ano passado.
A rede municipal de Saúde fará nova licitação para atendimento de remoção nas unidades de saúde.
Tristeza e revolta
O clima de revolta e tristeza prevaleceu durante o sepultamento, na última terça-feira, do corpo de Marta, atingida pela ambulância desgovernada. O delegado da 35ª DP (Campo Grande), Alberto Leite, adiantou que Marcos Antônio Américo Torres, de 45 anos, motorista de ambulância que atropelou Marta responderá por homicídio culposo (sem intenção).
“Se a perícia comprovar que o disco do freio se quebrou por falta de manutenção, responsáveis pela Toesa responderão pelo mesmo crime”, afirmou.
Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Amigos consolam um dos três filhos de Marta. Revoltados, parentes cobram explicações | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Marta foi atropelada e morta por uma ambulância da Toesa Service Ltda. A empresa transporta pacientes para a Secretaria Municipal de Saúde apesar de proibida pelo Ministério Público Estadual de prestar serviços à Secretaria de Estado de Saúde. A Toesa é suspeita de superfaturar contratos que somariam R$ 5 milhões. O motorista alega que o freio falhou.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde — que não informou quantas ambulâncias da prefeitura a Toesa administra — garantiu que está “em fase de cancelamento de contrato com a prestadora, pelo não cumprimento de cláusulas contratuais”. Em nota, a empresa Toesa, que não comentou os cancelamentos de contrato, disse que está prestando atendimento à família.
“Minha irmã, que tinha passado a noite com a mãe (Dolores, 78, com fratura no fêmur) no hospital, teria tido socorro demorado. Exigimos explicações”, disse José de Andrade, 57.
Mais dois feridos
Outras duas pessoas ficaram feridas, mas escaparam com vida. O acidente aconteceu às 7h, quando o veículo KXX-1253, dirigido por Marcos Antônio Américo Torres, 45, desceu rampa de ré e, desgovernado, imprensou Marta contra uma mureta. O camelô Marcelo Moraes, 37, e a mulher, Antônia D’Ávila, 40, foram atingidos, mas tiveram só ferimentos leves. Resgatada com ajuda de outros pacientes e bombeiro de uma outra ambulância, Marta, morreu na mesa de cirurgia. Ele estava na unidade acompanhando a mãe internada.
Marcos Antônio entrou em desespero e disse que não teve culpa. “A ambulância perdeu o freio”, alegou, mostrando um disco de freio partido e o motor sem manutenção adequada, segundo ele.

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