sábado, 22 de outubro de 2011

22 Out - Hilux derrubou os três trabalhadores como dominó, diz sobrevivente

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/10/hilux-derrubou-os-tres-trabalhadores-como-domino-diz-sobrevivente.html
Ajudante de jardinagem falou como carro atropelou seus colegas em SP.

Duas vítimas morreram na hora; bêbado, condutor foi preso por homicídio.

Kleber TomazDo G1 SP
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Colega de vítimas de Hilux (Foto: Kleber Tomaz / G1)Ajudante de jardinagem Humberto Orsi Neto correu
para escapar de Hilux (Foto: Kleber Tomaz / G1)
“O cara atropelou meus colegas, passou por cima deles, derrubando cada um como se fossem peças de dominó. Foi uma cena horrível ver as vítimas sendo jogadas. Só tive tempo de correr e me salvar”, disse na tarde deste sábado (22) o ajudante de jardinagem Humberto Orsi Neto, de 43 anos, sobre o bancário Fernando Mirabelli, de 32, motorista do Hilux que atropelou três funcionários de uma prestadora de serviços da Prefeitura de São Paulo, matando duas delas.

Coincidentemente, este foi o primeiro fim de semana de intensificação de blitzes da lei seca em São Paulo. Agora, elas vão até as 6h. O acidente em questão ocorreu às 7h30.

A série de atropelamentos foi durante esta manhã na Marginal Pinheiros, no trecho que dá acesso à Ponte Engenheiro Ary Torres, na região do Morumbi, Zona Sul de São Paulo. Mirabelli, que não quis falar com a imprensa, foi detido com suspeita de embriaguez pela Polícia Militar e levado ao 89º Distrito Policial, no Portal do Morumbi, onde foi preso em flagrante.
Exame clínico feito pelo Instituto Médico-Legal (IML) constatou que ele estava embriagado. Além disso, testemunhas afirmaram que ele guiava em velocidade acima da permitida para o trecho. Por esse motivo, foi indiciado pelos crimes de embriaguez ao volante, homicídio doloso (com intenção de matar) e tentativa de assassinato.
“A partir do momento que ele estava bêbado, o próprio confirmou ter bebido, guiando perto de 120 km/h numa via onde a máxima é 60km/h, segundo testemunhas, ele assumiu o risco de matar”, afirmou a delegada Luciana Zanella, do 89º DP. “O crime é inafiançável. Por esse motivo eu não arbitrei fiança”.
O veículo do bancário, parcialmente destruído, foi levado ao 89º DP. Peritos do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico Científica vão analisar o automóvel para tentar determinar a velocidade que o Hilux estava no momento em que atropelou as vítimas.

Mirabelli foi responsabilizado pela tentativa de homicídio de Ademir Arantes Dantas, de 21 anos, que está internado no hospital Santa Marcelina, na Zona Leste, e pelas mortes de Alex Damasceno Souza, 26, e Roberto Pires de Jesus, 36.

DepoimentoEm seu depoimento à polícia, o bancário alegou que voltava de uma casa noturna em Guarulhos, na Grande SP, em direção à casa dos pais, no Campo Belo, em São Paulo, quando foi fechado por um caminhão, perdeu o controle do seu Hilux e atropelou os trabalhadores que faziam manutenção do canteiro central da via. Os advogados do motorista foram ao 89º DP, mas informaram que só vão se pronunciar após conversar com seu cliente.
 
Parente de vítima de Hilux (Foto: Kleber Tomaz / G1)Diego Silva, filho de Roberto, morto no acidente,
mostra carteira de trabalho do pai
(Kleber Tomaz / G1)
“O primeiro a ser atropelado foi o Ademir, que segurava uma bandeira indicando que estávamos trabalhando no local. Ao todo, estávamos em oito pessoas. Depois, o carro desse rapaz foi batendo na grade de proteção da pista e bateu no Alex e no Roberto. Quando fui ver se eles estavam bem, o Aldemir gritava que sentia dores na perna e os outros dois morreram na hora”, disse o ajudante Orsi Neto, que está há três meses trabalhando na Tonanni Construções e Serviços Ltda., que presta serviços de jardinagem para a administração pública.

Além de Orsi Neto, os ajudantes de jardinagem Gleidson Santos Lima, e Eduardo Humback também foram ao distrito policial para prestar esclarecimentos na condição de testemunhas. Todos disseram que o Hilux estava em alta velocidade e invadiu o canteiro central onde eles trabalhavam.

“Vamos prestar todos o auxílio às famílias das vítimas. Elas deverão ser enterradas num cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte”, disse Arnaldo Tonani Júnior, um dos proprietários da empresa prestadora de serviços de jardinagem. “Tomamos sempre todas as medidas de segurança. Em 20 anos de trabalho com a Prefeitura, foi a primeira vez que tivemos funcionários mortos em atropelamentos. Com certeza, a culpa toda é desse motorista. Lamentamos as mortes”.

Garrafas de bebidaDe acordo com o tenente Luís Gomes, comandante da 1ª Companhia do 1º Batalhão de Trânsito da PM, Mirabelli, que mora em São Bernardo do Campo, no ABC, afirmou foram encontradas garrafas de bebidas alcoólicas no Hilux. Revoltadas com o atropelamento dos ajudantes, pessoas que passavam pelo local chegaram a agredir o motorista. Ele precisou ser levado para o Hospital Universitário.

Posteriormente, foi levado ao 89º DP. Como se recusou a passar pelo teste do bafômetro, o bancário foi levado para o IML, onde também não aceitou passar por exame de dosagem alcoólica. Um exame clínico - quando o médico avalia se a pessoa está ou não alcoolizada - foi feito e constatou a embriaguez.

De acordo com a delegada, o bancário será transferido ainda neste sábado para a carceragem do 91º DP, Ceasa, onde aguardará uma vaga numa das unidades da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).
 
Parente de vítima de Hilux (Foto: Kleber Tomaz / G1)Ariomar Damasceno exibe foto do irmão mais novo,
Alex, atropelado e morto pela Hilux
(Kleber Tomaz / G1)
Do lado de fora do 89º DP, parentes dos dois ajudantes mortos buscavam cópias do boletim de ocorrência para conseguir a liberação dos corpos de seus familiares.

“Quero justiça agora. Que esse motorista fique preso pelo resto da vida. Ele é um assassino. Matou um trabalhador, matou o meu pai”, disse o ajudante de cozinha Diego Santos da Silva, 20, filho de Roberto. “Ele era conhecido como Leco”.

“Meu irmão era o caçula. Estava irradiante com esse emprego. Estava trabalhando havia uma semana. Levou até o uniforme laranja para casa para minha mãe ver. Falou que os R$ 610 que iria ganhar eram para ajudar o filho dele, de 4 anos. Agora o que restou foi só a touca e a luva dele. Não entendo porque isso ocorreu, meu irmão era da paz, fã de reggae. Nunca fez mal a ninguém e vem um cara desses, bêbado, em alta velocidade e destrói a vida do meu irmão e da nossa família”, disse o bombeiro civil Ariomar Damasceno, 33, irmão de Alex.

Em nota, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, disse estar inconformado com o acidente. A Prefeitura afirmou que dará apoio aos familiares das vítimas.

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