segunda-feira, 26 de setembro de 2011

26 Set - ‘A dor, só quem vive sabe’, desabafa mãe que perdeu filho atropelado no Méier

http://extra.globo.com/noticias/rio/a-dor-so-quem-vive-sabe-desabafa-mae-que-perdeu-filho-atropelado-no-meier-2661601.html

Paolla Serra
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É no livro “As Mães de Chico Xavier” que a dona de casa Renata Cibelli busca forças para tentar recomeçar a vida. Como as três personagens da história, Renata perdeu o filho, Rodrigo, de 1 ano e 8 meses, de forma trágica — os dois foram atropelados no último dia 14, na calçada de casa, quando voltavam da creche, no Méier. O bebê não resistiu e ela fraturou o tornozelo.
— A gente acha que essas coisas só acontecem com os outros. Quando é com você, o mundo acaba. Agora estou aqui, sem meu filho, sem plano de saúde, sem acompanhamento psicológico, largada.
A Secretaria municipal de Saúde informou que Renata deve retornar ao Hospital Salgado Filho para “receber o encaminhamento”.
Renata acredita que os motoristas foram imprudentes:
— Isso não pode passar impune, porque outras pessoas podem ser vítimas também.
Como era o Rodrigo?
Eu nunca vi uma criança tão alegre, tão intensa. Nunca pegou um resfriado, nunca teve nenhum problema, comia de tudo. Uma vez, cheguei a pensar: “Meu Deus, esse menino é tão desenvolvido para a idade dele... Parece que ele está sempre com pressa. Será que ele vai partir cedo?”.
Como foi a volta para casa no dia do acidente?
Era o terceiro dia do Rodrigo na creche. Tinha levado às 13h e fui buscá-lo às 17h30m. Fiz o mesmo caminho dos outros dois dias. Pensei: “Vou dar uma volta no quarteirão para me distrair”. Mas, por causa do tempo, desisti. Minutos depois, aconteceu.
Como foi o acidente?
Vi o carro crescendo na minha frente. Pela velocidade, tinha certeza de que era um bandido que tinha acabado de roubá-lo. Tentei empurrar o carrinho para tentar salvar o Rodrigo. Como é uma ladeira, o carrinho voltou e foi atingido. Quando olhei, meu pé estava pendurado. Mas não senti dor. Minha única preocupação era meu filho.
O que passou na cabeça?
Vinha a imagem daquele maluco que entrou no colégio e saiu matando, a história da Isabela, que foi jogada pela janela, o caso do João Hélio. Não era à toa, alguma coisa me avisava.
Como você soube da morte do Rodrigo?
No hospital, via o desespero nos profissionais, a correria. Na hora, você tem medo de perguntar, tem medo da verdade. Mas eu já sentia. Quem é mãe sente. Entrou uma enfermeira, dizendo palavras de conforto, e eu perguntei: “Meu filho morreu, não foi?” Aí que ela percebeu que eu não sabia.
O que você espera da vida agora?
Preciso de ajuda para tudo, não ando mais. Tenho obrigação de buscar forças, pelo meu outro filho. Mas a dor, só quem vive sabe.

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