domingo, 11 de setembro de 2011

11 Set - Impunidade: 'Dirigir aqui é licença para matar', diz pai de vítima - Rio de Janeiro

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/09/10/dirigir-aqui-licenca-para-matar-diz-pai-de-vitima-925330516.asp
Crítica à impunidade

Publicada em 10/09/2011 às 22h03m

Gabriel Padilla perdeu a filha em um acidente de trânsito (Foto: Marcos Tristão / Agência O Globo)
RIO - O caso chocou o país e foi a gota d'água para a aprovação da Lei Seca, dois anos mais tarde. Às 5h40m do dia 3 de setembro de 2006, um Honda Civic capotou a 120km/h e se chocou com uma árvore na Avenida Borges de Medeiros, na Lagoa, matando o motorista Ivan Rocha Guida, de 18 anos, e outros quatro jovens. Cinco anos depois do acidente e três anos após a aprovação da lei, as mortes no trânsito do Rio estão em queda, mas a quantidade de acidentes continua subindo.
Entre as vítimas da tragédia na Lagoa, estava Ana Clara, de 17 anos, filha do arquiteto Gabriel Padilla, um ardoroso defensor da Lei Seca e das operações para flagrar motoristas que tenham consumido álcool.
Caem 180 Boeings no Brasil por ano e ninguém é preso por isso
- Se você quiser matar uma pessoa, dirija. Dirigir aqui é uma licença para matar. Não conheço ninguém que tenha sido condenado à prisão por matar no trânsito. Aqui o direito individual de beber e dirigir está acima do direito coletivo. Por isso é que, dia sim, dia não, morre neste país em acidentes de trânsito o equivalente a um Boeing. Caem 180 Boeings no Brasil por ano e ninguém é preso por isso - comenta.
Para o arquiteto, as blitzes da Operação Lei Seca vêm mudando a atitude dos cariocas.
- É engraçado falar de cultura. Esses mesmos motoristas, quando estão em países como Estados Unidos, Inglaterra ou Japão, onde os direitos individuais não se sobrepõem aos coletivos, obedecem às regras, não bebendo, não correndo, não fazendo ultrapassagens perigosas. Se fazem aqui não é por cultura, mas por impunidade - afirma.
Gabriel defende sanções administrativas pesadas que levem em consideração o patrimônio do infrator, o seu estado alcoólico e o gravidade da sua imprudência.
- Para quem ultrapassa em 50% o limite de velocidade, a multa tem que ser pesada. Só sentindo no bolso o peso da lei, ele aprenderá a respeitar a vida. Foram as multas que fizeram com que o carioca passasse a usar cinto de segurança - diz.

Um comentário:

  1. Eu vi a entrevista desse arquiteto no programa Mais Você com Ana Maria Braga e me comovi muito!! É uma tragédia que infelizmente estamos vivendo todos os dias, o mais interessante foi o que ele fez depois, escreveu um livro contando a história da filha até o último dia.
    No mesmo ano ganhei esse livro de presente e depois que li sai comentando com todos os amigos e acabava emprestando pro amigos, num desses emprestimos não recebi mais o livro de volta e hoje saio a procura dele.
    Gostaria de saber o nome do livro, não me recordo mais.

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