sábado, 17 de setembro de 2011

17 Set - Carioca perde em média quase 1h30m no transporte


Carioca perde em média quase 1h30m no transporte


LUCIMAR PEGA condução na Central: ?Já fiquei duas horas em pé dentro de um trem e quatro num ônibus?

RIO - Seis horas da manhã: a auxiliar administrativa Lucimar Carvalho dos Reis, de 27 anos, deixa a filha, de 1, dormindo em casa e parte para sua maratona diária. Primeiro, caminha até o ponto da van que a levará do Lote 14 à área central de Santa Cruz. Ali, avaliará a melhor opção de transporte do dia: o trem, que, sem imprevistos, a deixa em uma hora e 20 minutos no Centro do Rio; ou o ônibus, que faz o trajeto pela Avenida Brasil em duas horas, se também não houver contratempos. Na Central do Brasil, novo transbordo, para metrô ou ônibus. Três horas depois, ela chegará ao trabalho, na Cinelândia.
- Levo três horas se a condução não atrasar. Já fiquei duas horas em pé dentro de um trem e quatro num ônibus - conta Lucimar, que chega de volta em casa às 21h e, às vezes, já encontra a filha dormindo.
Veja os números do transporte no estado
Como ela, milhares de cariocas passam grande parte de suas vidas no transporte urbano. A Pesquisa de Percepção 2009 do movimento Rio Como Vamos (RCV), feita pelo Ibope, mostrou que o tempo médio gasto no trajeto casa-trabalho é de 86,4 minutos, quase uma hora e meia. E 5% chegam a perder mais de duas horas. O ônibus foi citado como principal meio de locomoção (47% dos entrevistados); 19% vão a pé para o trabalho; 10%, de van; 3%, de metrô; e 1%, de trem.
Mais do que a demora nos trajetos, o carioca sofre com a precariedade do transporte público. A avaliação dada ao serviço pelos entrevistados na pesquisa do RCV foi 6,8, com maior predominância de avaliações baixas (até 4) justamente entre usuários de ônibus. Insatisfação que pode ser apontada como um dos motivos para que 12% dos entrevistados optem por usar seus veículos particulares em vez dos coletivos.
Capital tem um carro para cada grupo de 2,75 cariocas
Em 2001, o município do Rio tinha 5,897 milhões de habitantes e 1,693 milhão de veículos licenciados. Era um veículo para cada grupo de 3,48 pessoas. De lá para cá, a população e a frota cresceram de forma desproporcional. Em 2009, eram 6,186 milhões de moradores, 4,9% a mais do que em 2001. Já o total de veículos aumentou 33%, chegando a 2,252 milhões - um para cada grupo de 2,75 cariocas. Desse total, 79% eram carros de passeio. Somente de 2008 para 2009, a frota cresceu 4,8%.
- É um círculo vicioso, alimentado sobretudo pela histórica falta de racionalização do transporte público. Nunca tivemos um sistema eficiente e integrado, o que resultou na proliferação do transporte irregular e na má prestação de serviços. Com isso, muita gente opta pelo carro particular, um conforto irreal, porque piora os engarrafamentos - avalia a presidente executiva do RCV, Rosiska Darcy de Oliveira.
Ela lembra que o Rio vive hoje um bom momento, com o compromisso assumido para as Olimpíadas com o projeto do BRT (corredor expresso de ônibus) e a Linha 4 do metrô finalmente saindo do papel. No entanto, diz Rosiska, a população não pode aguardar até 2016 para sentir as melhorias.
Até as Olimpíadas, o Rio será cortado por três BRTs, e um quarto, na Avenida Brasil, ligará o Centro à Zona Oeste. Em obras, a TransOeste deve ter a etapa Barra-Madureira inaugurada em 2012. O trecho Barra-Santa Cruz da TransCarioca está atrasado, mas a prefeitura quer entregar a obra até a Copa. A TransOlímpica está prevista também para 2014. Já o BRT da Avenida Brasil não tem cronograma definido. O sistema BRT transportará 900 mil pessoas ao dia e tornará as viagens mais rápidas. Hoje, da Penha à Barra gasta-se 1h36m. Pela TransCarioca, serão 47 minutos.
RCV monitora 13 áreas fundamentais para a cidade
Movimento analisa desempenho do poder público em setores como saúde e educação
O Rio Como Vamos (RCV) monitora os indicadores de qualidade da cidade e acompanha o desempenho da administração pública em 13 áreas fundamentais para a sociedade: saúde; transporte; educação; segurança pública e violência; pobreza e desigualdade social; meio ambiente; lazer e esporte; habitação e saneamento básico; inclusão digital; trabalho, emprego e renda; cultura; vereadores; e orçamento. Os resultados são divulgados mensalmente pelo GLOBO e pelo site do jornal.
O RCV é apartidário e tem o apoio de Fecomércio, Firjan, Associação Comercial, Synergos, Observatório de Favelas, Iser, Cedaps, CDI, Idac, Ethos, Banco Real, Iets, Santander, Grupo Libra, Unicef e Fundação Avina, Light, Metrô Rio, UTE Norte Fluminense, CHL e KPMG.
Nos últimos meses, o RCV analisou, entre outros temas, o índice de crimes violentos na cidade, a expansão das favelas, a violência doméstica contra a mulher, os rumos da educação, a realidade da Zona Portuária e o mercado de trabalho brasileiro. Também mostrou que o projeto do Plano Diretor de Drenagem Urbana, previsto desde 1992, está 18 anos atrasado. Em julho, revelou que o carioca continua jogando lixo nas ruas da cidade. No mês passado, foi analisado o primeiro balanço semestral da prefeitura, que traçou o Plano Estratégico do município.

Nenhum comentário:

Postar um comentário