Número de mortos no trânsito cresceu em dez bairros da capital fluminense
Severino Silva / Agência O Dia
Motorista atropela dois jovens em São Cristóvão em julho passado. Revoltada, população queimou o carro
A morte de duas crianças por atropelamento, no último mês, deixou o Rio de Janeiro em alerta para a segurança no trânsito. Levantamento do Corpo de Bombeiros mostra que, no primeiro semestre deste ano, a capital registrou média diária de 12 atropelamentos por carros, motos, caminhões ou ônibus, contabilizando uma morte por dia. O ISP (Instituto de Segurança Pública) aponta que, nos primeiros seis meses, dez regiões da capital viram crescer o total de mortes por atropelamento (veja infográfico abaixo com as regiões mais perigosas).
No dia 23 de setembro, um bebê de seis meses morreu após ser atropelado na comunidade de Vila Kennedy, na zona oeste. A criança estava no colo da mãe quando um carro desgovernado subiu na calçada e os atingiu. O motorista fugiu. Poucos dias antes, um professor atropelou uma criança de um ano e oito meses e sua mãe, também numa calçada, no Méier, zona norte. O menino morreu. O motorista disse que estava dentro dos limites de velocidade, mas testemunhas afirmam que ele estava acima dos 50 km/h permitidos na via.
A idade média das vítimas é de 18 a 29 anos (com maioria do sexo masculino), segundo o IPP (Instituto Pereira Passos). Para Paulo Fernando Fleury, diretor do Centro de Estudos em Logística da Coppe/UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), ações simples, como obedecer às leis, reduziriam acidentes.
- Os jovens tendem a causar mais acidentes pois não são avessos aos riscos, ultrapassam mais os limites de velocidades e se acham mais fortes. Isso de forma geral, mas os adultos também provocam tragédias. Bastava seguir as regras que a quantidade de mortes e acidentes cairia drasticamente.
Foi justamente o que não fez o ex-subsecretário de Governo da região metropolitana, Alexandre Felipe, que atropelou três pessoas em Niterói. Segundo bombeiros, testemunhas relataram que Felipe - que até fevereiro deste ano integrava a equipe da Lei Seca - apresentava sinais de embriaguez. Ele foi indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar) pela morte de Ermínio Cosme Pereira, de 56 anos.Regiões mais perigosas da cidade Ao todo, o Corpo de Bombeiros registrou 2.215 atropelamentos na capital fluminense entre janeiro e junho deste ano. A maioria dos casos se deu no centro da cidade. No período, as vias mais perigosas para os pedestres foram as avenidas Brasil, Presidente Vargas, Santa Cruz, Francisco Bicalho e rua Cândido Benício.Copacabana e Lagoa estão entre as regiões mais perigosas, com aumento de 300% no total de mortes no trânsito nos seis primeiros meses deste ano. Em áreas como Rio Comprido (zona norte), por exemplo, o total de mortes passou de quatro para 13 e, em Botafogo (zona sul), de 11 para 18.
Para Eloir de Oliveira Faria, engenheiro e doutor em Ciências dos Transportes pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), bairros com grande concentração de moradores costumam apresentar os maiores índices.
- Nas áreas urbanas, ocorrem quase 70% dos acidentes com vítimas devido, principalmente, à alta concentração de atividade e de população.
Por outro lado, conforme aponta a ONG Rio Como Vamos, a Barra da Tijuca – que figurava nos últimos levantamentos como a região mais perigosa da cidade para o pedestre – teve queda nos índices de mortes por atropelamento. Para a entidade, a redução se deu porque o bairro melhorou a sinalização e a fiscalização.
Nenhum comentário:
Postar um comentário