O carioca samba no Terreirão, faz compras no camelódromo, torce no Engenhão, peca na Vila Mimosa, fala no orelhão. Nem o prédio da prefeitura consegue se livrar: é o Piranhão. E os BRTs — corredores expressos para ônibus articulados — não vão escapar. Numa cidade tão fértil em criatividade, cada nova sigla — UPP e UPA — parece extraterrestre, um ET. Para salvar o Rio da sopa de letrinhas, o EXTRA lança uma campanha para batizar o novo coletivo, que já conta com a adesão da apresentadora da "CBN Rio" Lucia Hippolito, que vai pedir sugestões aos ouvintes. "Acho nomes no diminutivo mais a cara do Rio", adianta.
É só votar no site do Extra Online
Expresso Carioca? Flecha? Ligeirão? Linha Direta? Rapidão? RioExpress? É só votar no site do Extra Online. Um time de famosos já deu sua opinião e sugeriu outros apelidos. Se Dudu Nobre aprovou o "Ligeirão" e arriscou "Compridão", Sérgio Loroza ficou em dúvida:
— Pode ser "Canta Pneu", "Rala Peito" e "Monta no Porco". O povo diz: "Botou dez no viado e saiu batido". Batidão, Ligeirão e Rapidão também são legais.
Ziraldo, que representa a irreverência do povo, sempre debocha das invenções do governo:
— "Viadão", segue na via expressa, cheio de frescura.
Responsável pela novidade no Rio, o prefeito Eduardo Paes não mete a colher na discussão, mas gosta de Ligeirão ou Expresso Carioca:
— Os BRTs vão transformar a vida do carioca nas zonas Norte e Oeste. Muitos moram trepados num barraco para não comprar uma casa longe e demorar para ir e voltar do trabalho. Sobre o apelido, vou ficar quieto e sancionar o que for escolhido.
Conceito importado de Curitiba
Sistema criado em Curitiba em 1972 e exportado para o mundo, somente agora, 40 anos depois, os BRTs — sigla em inglês para os corredores segregados para ônibus de grande capacidade — chegam ao Rio. Dos quatro projetos em andamento, um deverá estar pronto no primeiro semestre de 2012: o da TransOeste. O trajeto ligará Santa Cruz e Campo Grande ao Jardim Oceânico ao longo de 64 estações em 57 quilômetros.
Os demais são a TransCarioca (Barra da Tijuca-Penha-Aeroporto Internacional), TransOlímpica (Recreio-Deodoro) e TransBrasil (Deodoro-Centro). O embarque será feito em estações próprias. A passagem será comprada ali, e não nos ônibus, que serão refrigerados, articulados e com capacidade para, pelo menos, 160 pessoas. Sem cruzamentos e nem sinais fechados, os corredores garantirão um viagem duas vezes mais rápida.
Do Chope Duplo ao Chifrudo
"Pega o chifrudo!". No Rio de Janeiro dos anos 60, essa frase não deixaria ninguém curioso — ou preocupado — na rua. "Chifrudo" era o apelido dado aos ônibus elétricos lançados pela prefeitura da época. Eles circulavam presos à rede de alta tensão por cabos, daí a brincadeira. A irreverência data mesmo dos tempos da vovozinha. Em 1924, o primeiro ônibus fabricado em série no Brasil foi batizado de "Mamãe me leva". Nos anos 40, um novo modelo mais elegante, aprovado pelo povão, foi chamado de gostosão. Já os ônibus de dois andares eram carinhosamente apelidados de "chopes duplos". Os bondes também não foram poupados. Ainda no século 19, o modelo mais popular foi logo tachado como "taioba" ou "caradura" por ter aberturas laterais, onde verdureiros e ambulantes enfileiravam produtos.
Atualmente, os ônibus ganham dos trens no quesito apelido. Enquanto os de ar condicionado foram consagrados como frescões, os trens chegaram a ser chamados de geladões. Não pegou. Até o apelido esfriou.
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